sexta-feira, 30 de junho de 2017

Gestão democrática

GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR

A Constituição de 1988 foi a primeira a usar a expressão "gestão democrática do ensino público", reforçada mais tarde no texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996. Nenhuma das duas normas, porém, resolveu um problema que permanece até hoje: afinal, como fazer a gestão democrática? Basta consultar a equipe sobre as decisões internas? Abrir os portões para a comunidade é suficiente? Promover a flexibilização do currículo?

Trata-se de uma perspectiva conceptual que focaliza intervenções democraticamente referenciadas, exercidas por atores educativos e consubstanciadas em ações de (auto) governo; ações que não apenas se revelam enquanto decisões político-administrativas tomadas a partir de contextos organizacionais e de estruturas de poder de decisão, mas que também interferem na construção e recriação dessas estruturas e de formas mais democráticas de exercer os poderes educativos no sistema escolar, na escola, na sala de aula, etc. (Lima, 2000, p. 19).

A gestão democrática escolar é o principio constitucional que organiza a escola pública e que compõe o coletivo da escola, portanto, compreende que o nosso trabalho não desenvolve-se sozinho, muito pelo contrário, a supervisão, coordenação pedagógica e diretores devem buscar articulação dos diversos saberes e experiências existentes na escola e na direção de sua transformação para um projeto pedagógico emancipatório, pois cumprirá com o sucesso da dimensão cognitiva e política dos alunos, não podemos deixar de focar a participação do conselho escolar, conselho municipal de educação, e também da comunidade que envolve, pais, alunos, professores e comunidade em geral

Entretanto, na prática a gestão democrática em nossas escolas ainda “anda devagar”, tenho como base e experiência as escolas públicas e privadas que já trabalhei tanto como professora quanto como auxiliar de educação infantil, em ambas o sistema democrático não era exercido como  prática primordial e constante.

A realidade do nosso município é bastante precária quando se fala em gestão democrática, onde temos gestores escolares indicados pelo poder executivo, nossas escolas não têm conselhos escolares, há algumas que ainda não têm nem PPP, e quando se tem, são superficiais e até controversos, ou seja, não condizem com a realidade da instituição e comunidade escolar, isso acontece pelo fato da supervisão municipal não supervisionar a veridicidade do conteúdo dos PPP’s .

Em minha opinião a gestão democrática deve ser iniciada de dentro das escolas pra fora, ou seja partir dos diretores, coordenadores e supervisores, buscando inserir e integrar a comunidade na realidade escolar, nas escolhas, no cotidiano. Para que os mesmos tenham “voz” para opinar e cobrar melhorias para a escola.

Segundo Paro “se queremos uma escola transformadora,  precisamos transformar a escola que temos ai ... Nesse sentido que precisam ser transformados o sistema de autoridade e a distribuição do próprio trabalho no interior da escola.” (2001, p. 10)

Sendo assim partir de nossos gestores junto com sua equipe de professores e funcionários uma integração sobre a realidade da escola na qual trabalhamos.

Ao realizar uma pesquisa com a Presidente do conselho de Educação  L. R., tive certeza de tudo o que já pensava referente a democracia em nossas escolas, afinal é muito mais fácil deixar a comunidade de fora, para que assim os mesmo não tenham conhecimento sobre a realidade e não possam cobrar e opinar. A professora L. me relatou que o poder Executivo e SMEC(Secretaria Municipal de Educação e Cultura)  não tem pretensão alguma de implantar gestão democrática em nossas escolas, ao meu ver, desta maneira eles calam a sociedade, apresentando-lhes apenas o que convém.

Questionei a presidente sobre a criação dos conselhos escolares, a mesma demonstrou grande interesse, narrando até mesmo situações que o conselho resolveria e ajudaria as escolas.

Na medida em que se conseguir a participação de todos os setores da escola, educadores, alunos funcionários e pais – nas decisões sobre seus objetivos e funcionamento, haverá melhores condições para pressionar os escalões superiores a dotar a escola de autonomia e de recursos. A esse respeito vejo no conselho de escola uma potencialidade a ser explorada. (PARO, 2001, p. 12)

Por momento acredito que a gestão democrática está aos poucos chegando em nossas escolas e realizando mudanças e melhorias grandiosas, reformulando os sistemas de hierarquia e transformando nossas escolas em um lugar de todos, onde a sociedade pode e deve ter direitos,participando do cotidiano escolar.







PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática na escola pública. São Paulo: Ática, 2001.

Quadro elaborado para o Curso de Extensão GESTÃO DEMOCRÁTICA: da avaliação ao planejamento participativo nas Escolas Estaduais do RS. UFRGS, Porto Alegre 2017

Um comentário:

  1. Olá Caroline!
    Parece tão simples na teoria, mas na prática a Gestão democrática ainda tem um longo caminho a trilhar...
    Em minha realidade a indicação de diretor ainda é feita pelo prefeito, cadê a democracia?
    Por vezes, me questiono como poderia ser diferente? Já que se trata de apenas uma escola municipal, caso fosse "eleita" uma pessoa de partido contrário, por exemplo.
    Ampla discussão!

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